NÃO É SINAL DE SAÚDE ESTAR BEM ADAPTADO A UMA SOCIEDADE DOENTE
Não é raro que as pessoas mais rejeitadas, deslocadas e incompreendidas sejam as mais genuínas, já que geralmente são as pessoas que priorizam seus valores morais mais do que a sua própria reputação.
Essas pessoas não querem abrir mão dos seus princípios e sair dos seus próprios caminhos para agradar ao demais, elas não querem fingir um comportamento para suprir o que os outros querem delas. Elas não vão mentir em troca de aprovação. Não é que elas não queiram aprovação, é que elas não querem aprovação pelos motivos errados. Elas se recusam a jogar esse jogo. Consequentemente, são vistas como frias, más e desumanas. É preciso coragem para fazer a coisa certa, e é preciso ainda mais coragem pra seguir fazendo a coisa certa quando é justamente isso que faz com que as pessoas apontem o dedo e digam que você é um monstro.
“É melhor ser odiado pelo que você é, do que amado pelo que você não é.”
— André Gide
Ou nos guiamos pelos nossos valores morais, ou nos guiamos pela opinião dos outros, cada um é livre pra fazer a sua própria escolha, e isso não separa as pessoas boas das más, mas separa as pessoas fortes das fracas. No geral, quem se curva em busca de aprovação externa, ainda que esteja fazendo o mal, faz mais por fraqueza do que por maldade.
“Se não for certo não faça, se não for verdade não diga.”
— Marco Aurélio
Espero que ao longo prazo, isso não impossibilita esses indivíduos nem da ascensão nem da aceitação social, como já diria Chorão, “quem é de verdade, sabe quem é de mentira”, então num mundo de aparência que implora por pessoas genuínas, mesmo que as pessoas pareçam más perante a maioria desinformada e superficial, essas pessoas ainda serão bem vistas perante quem está perto e se aprofunda. Não precisamos concordar com alguém pra sabermos se ela é uma pessoa genuína, mas precisamos olhar pra ela e ver se ela concorda consigo mesmo. Por tanto andar fora dos padrões (mesmo quando o padrão é o de ‘quebrar padrões’) e não se curvarem perante a opinião da maioria, elas tendem a ser as pessoas que mais duvidam da própria bondade, por se voltarem constantemente a uma introspecção e autoanálise tão críticas de forma que elas próprias não conseguem sair ilesas.
“Eu prefiro ser íntegro, a ser bom.”
— Carl Jung
Ser bom virou ser inofensivo e sonso. Prefiro ser justo, sincero, corajoso e virtuoso. Tudo isso assusta, e o que assusta, é visto como mal.